Você já sentiu que, na busca pelo sucesso, deixou uma parte de si para trás?

Em meio à correria profissional e às conquistas, muitas mulheres percebem um vazio silencioso. Vivemos em uma cultura empresarial que historicamente valorizou a lógica e a objetividade, atributos tradicionalmente associados ao masculino, enquanto desencorajam a intuição, a empatia e o sentir, ligados ao feminino. Assim, não é incomum ver mulheres fortes e autodedicadas adotando uma “casca” racional e produtiva, às vezes à custa do silêncio do seu interior. Elas se tornam “fazedoras” nota 10 em tudo: profissionais exemplares, mães, esposas, sempre dando conta de todas as demandas. Mas, por dentro, frequentemente se sentem num vazio crescente, sentem irritação e cansaço profundos, numa montanha-russa emocional que mal compreendem. Nesse retrato contemporâneo, o feminino vai sendo esquecido e, com ele, perdemos um pouco da nossa alma no caminho do sucesso.

Quando o feminino fica para trás

No ambiente profissional competitivo, muitas de nós aprendemos que sentir é “fraqueza”: choros contidos no banheiro da escritórios, intuição ignorada em reuniões, aquela vontade de acolher alguém reprimida para não “parecer emotiva”. Aos poucos, vamos nos adaptando a um modo masculinizado de agir. Não por acaso, mulheres altamente competentes e líderes costumam ter características masculinas muito desenvolvidas. Passam a se sentir até mais à vontade entre colegas homens do que com outras mulheres e chegam a desprezar o universo feminino, achando algo frágil ou “mimimi”. Esse afastamento da nossa essência do ser gera exaustão, o corpo e o coração ressentem. Burnout, ansiedade, a sensação de viver “no automático” são sinais de alerta. Do ponto de vista sistêmico, cada emoção que excluímos cala uma parte da vida. O feminino e o masculino são como duas asas de um pássaro, precisamos de ambas para voar alto. Quando uma mulher, para ser eficiente e bem-sucedida, sufoa seu sentir sua verdade interna (a asa feminina) e voa só com a masculina (focada na lógica e na razão e ação), ela acaba em desequilíbrio, derrapando. As Constelações Familiares nos levam a observar que é essencial reconciliar nossa razão e nossa emoção. Elas nos ensinam a “deixar a mente racional e confiar no coração”, reconectando-nos com a sabedoria interior que a alma já conhece. Essa sabedoria do coração é a voz do nosso feminino pedindo espaço para retornar.

Liderança com equilíbrio de polaridades

Excluir o “sentir” do trabalho é excluir metade da realidade. Por isso, lideranças contemporâneas aprendem a acolher a vulnerabilidade, a sua e a dos outros, criando ambientes de confiança onde a criatividade floresce. Uma mulher não precisa renegar sua natureza para ser respeitada. Ao contrário, quando abraça sua autenticidade feminina, costuma ganhar ainda mais força e admiração. A verdadeira autoridade surge quando somos inteiros: corpo, alma e espírito alinhados, ação e intuição em harmonia. Essa é a liderança com alma, em que sucesso não é medido exclusivamente por resultados, mas por significado. No empreendedorismo, muitas mulheres foram “educadas” a viver só na ação: planejar, executar, escalar. Mas, nesse processo, desconectaram-se da parte que sente que nutre que acolhe e cria com sentido. O resultado é um cansaço que não se explica só pela agenda cheia. É um esgotamento da alma.

TESTE: Qual energia está guiando os seus dias?

Responda SIM ou NÃO para cada afirmação abaixo. Ao final, confira o resultado:

Respostas:
Maioria SIM: Sua energia masculina está predominante. Você provavelmente está agindo no modo “resolver, liderar, entregar”.
Maioria NÃO: Sua energia feminina está presente e ativa. Você honra o sentir, respeita o tempo das coisas, usa a intuição como bússola.

Abraçando de volta o feminino

Resgatar o feminino esquecido é como voltar para casa depois de uma longa jornada. Imagine reencontrar um quarto antigo, fechado há anos, dentro de você. Ao abrir a porta, o sol entra por janelas empoeiradas, revelando tesouros guardados: um lenço delicado bordado de histórias de avós, um espelho que reflete sua face suave e forte ao mesmo tempo, um jarro com água representando as emoções que queriam saciar sua sede de sentido. Você percebe que nada estava realmente perdido, apenas aguardava seu retorno amoroso. Nessa sala interna, sente o abraço de todas as mulheres que vieram antes de você, suas ancestrais sussurrando que você é suficiente, que você é inteira. As durezas do mundo não precisam te endurecer nesse instante. Você se dá conta de que pode, sim, ser firme sem deixar de sentir. Pode ser rainha e sacerdotisa de si mesma, liderar e se inspirar, e isso é liderança. O caminho do sucesso com alma é um caminho de inteireza, onde cada passo é guiado tanto pela ação quanto pela entrega. Um lugar de poder ser e fluir. Por isso, na não caminha da ascensão feminina, é fundamental lembrar sempre falar de mulheres de sucesso, sem excluir o que somos. Essa sim é a verdadeira vitória — e o sucesso que tanto almejamos.

Este texto foi originalmente publicado na Revista Persona