Quando o corpo fala o que a alma silencia.

Outubro é o mês em que os holofotes se voltam para a saúde da mulher. Campanhas lembram da importância da prevenção, dos exames, do autocuidado. Mas, além do corpo físico, existe um território que muitas vezes esquecemos de olhar: o corpo emocional, a alma que habita cada uma de nós. Quantas vezes sentimos um nó na garganta e escolhemos calar? Quantas vezes o peito aperta e seguimos como se nada tivesse acontecido? No olhar sistêmico, toda dor guardada, toda emoção não expressa encontra um jeito de se manifestar e, muitas vezes, o faz através do corpo. Adoecimentos não acontecem apenas por fatores biológicos. Eles também podem ser chamados da vida, sinais de que algo em nós pede atenção. Quando nos desconectamos de nós mesmas, quando deixamos de ocupar nosso lugar com verdade e inteireza, o corpo grita o que a boca não disse. Feridas emocionais não tratadas podem se tornar marcas físicas. E não se trata de culpa, mas de consciência. A saúde integral começa quando reconhecemos que mente, corpo e alma formam um sistema inseparável. Cuidar apenas de um aspecto é como tentar regar uma planta sem olhar para a terra que a sustenta.

No Outubro Rosa, o convite não é apenas para o autoexame das mamas, mas também para o autoexame da alma. O que ainda dói em você e precisa ser olhado? Que histórias você carrega em silêncio? O que sua ancestralidade feminina viveu e que talvez ainda ecoe em seu corpo hoje? Curar é integrar. É permitir que corpo e alma voltem a dançar juntas. É acolher o feminino não apenas na estética, mas no sentir, no cuidado profundo, na coragem de pedir ajuda e de falar sobre o que antes parecia indizível. Que neste outubro cada mulher possa se lembrar: prevenção também é dar espaço para a vida fluir dentro de si. Quando a alma está em paz, o corpo encontra mais descanso.

Vou compartilhar com você um exercício sistêmico, que nada mais é do que um convite para aumentar a sua percepção sobre o seu sentir em relação ao corpo e, assim, se abrir aos pequenos sinais que ele possa lhe presentear. Porque tudo mora no corpo.

EXERCÍCIO SISTÊMICO: ESCUTANDO O SEU CORPO
Encontre um lugar tranquilo e silencioso. Feche os olhos e respire fundo três vezes. Coloque a mão sobre o peito ou sobre a região do corpo que mais pede atenção agora. Pergunte internamente: “O que você está tentando me mostrar?” Espere. Não force respostas. Apenas escute o que vier: uma palavra, uma imagem, uma emoção. Agradeça ao seu corpo e diga internamente: “Eu te vejo. Eu cuido de você. Obrigada por me manter viva.” Repita esse exercício sempre que sentir que o corpo está chamando. Muitas vezes, o início da cura acontece quando finalmente damos voz ao que antes estava silenciado. Me chama no direct das minhas plataformas digitais e me conta como foi fazer esse exercício e quais percepções em relação ao seu corpo se abriram para você. Será um prazer realizar essa troca contigo.

Este texto foi originalmente publicado na Revista Persona